quinta-feira, 25 de outubro de 2012

"If You Forget Me" by Pablo Neruda



If you forget me
I want you to know
one thing.

You know how this is:
if I look
at the crystal moon, at the red branch
of the slow autumn at my window,
if I touch
near the fire
the impalpable ash
or the wrinkled body of the log,
everything carries me to you,
as if everything that exists,
aromas, light, metals,
were little boats
that sail
toward those isles of yours that wait for me.

Well, now,
if little by little you stop loving me
I shall stop loving you little by little.

If suddenly
you forget me
do not look for me,
for I shall already have forgotten you.

If you think it long and mad,
the wind of banners
that passes through my life,
and you decide
to leave me at the shore
of the heart where I have roots,
remember
that on that day,
at that hour,
I shall lift my arms
and my roots will set off
to seek another land.

But
if each day,
each hour,
you feel that you are destined for me
with implacable sweetness,
if each day a flower
climbs up to your lips to seek me,
ah my love, ah my own,
in me all that fire is repeated,
in me nothing is extinguished or forgotten,
my love feeds on your love, beloved,
and as long as you live it will be in your arms
without leaving mine.

http://youtu.be/hWI9J5HFRfI

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

POEMA


POEMA

Envelhecemos com as palavras ou elas
connosco
digo amor e já não corro precipitadamente
pela escadaria de pedra com enormes
 
anjos de facas sobre as nossas cabeças
que me levava ti nas manhãs em que o desejo
(a que evidentemente dávamos
outro nome mais brando )
e nos rebentava o corpo como o pólen
das árvores na primavera

e ainda não sabíamos sequer
que transportávamos em nós
a doença incurável das noites que não iriam ser as que esperávamos

já não sigo no teu corpo os sulcos
largados pelos meus dedos na hora apressada do regresso a casa
nem abafo na amurada de todas as partidas
o gesto com que não soube prender a tua fuga

digo amor e estão muito longe
as maneiras subtis de te levar escondido
entre cadernos e camélias e dilacerados sorrisos
de fim de festa

pior do que isso:

nem sequer preciso de dizer amor
para que ele se desfaça nos terrenos baldios
do meu sangue onde os teus passos
durante tantos anos
o procuraram

e ilumine as horas em que o eco da tua voz
traz consigo as espadas que os anjos de pedra
então nos apontavam

ALICE VIEIRA, do livro "O Que Dói Às Aves",
livro que o PNL considera apropriado para o 2º ano....